Cartaz "Yo, la peor del mundo", criado em parceria com Júlia Ayerbe. Exposto na Galeria Milan na mostra “Respirar sem oxigênio”, em 2017, e na "Biblioteca: floresta" no Sesc Belenzinho, 2021.

“Yo, la peor del mundo” é uma frase de Juana Inés de la Cruz (1651-1695), escritora e intelectual que encontrou no convento uma forma de refúgio, recusa de um mundo no qual não cabia. Formou uma vasta biblioteca em sua cela no claustro, onde escreveu críticas literárias e cartas à igreja em defesa de seu trabalho intelectual e dos direitos das mulheres à educação.

O cartaz foi uma homenagem à feminista mexicana, às mulheres que se recusam um lugar e trajetórias onde uma existência livre e plena não é possível, onde a vontade não é considerada.

A tipografia usada foi a “Mrs. Eaves”, da designer Suzana Licko, que nomeia e traz ao presente uma das muitas mulheres esquecidas do design: Sarah Eaves, companheira de um tipógrafo renomado, que por muitos anos não foi reconhecida.

No cartaz, a tipografia de inspiração antiga e elegante é subvertida na rapidez do gesto do spray sobre o papel vulgar, daqueles usados para embrulhar carne.

E no lambe essas mulheres do passado (Juana Ines de la Cruz e Sarah Eaves) convivem na cidade com tantas outras mulheres, muitas delas não reconhecidas como deveriam. Muitas outras rechaçando o mundo que não cabem, expressando o incômodo, sendo as piores.